terça-feira, 25 de novembro de 2008

Como tratar imagens com o GIMP 1º pt

Nos últimos anos os programas de código aberto entraram na moda. O sistema operacional Linux é o exemplo mais famoso, mas serve para muito pouco sozinho – sua utilidade só aparece mesmo depois que instalamos as ferramentas de produtividade. E, quando falamos em aplicativos open-source, o pacote de escritório OpenOffice, e o navegador Firefox, também testado, vêm logo à cabeça – afinal, não é para escrever e navegar na Internet que a maioria dos usuários mais usa o computador?
O que pouca gente sabe é que esses programas estão longe de serem exemplos de pioneirismo em código aberto. O título, segundo a Wikipedia, vai para o software de tratamento de imagens GIMP, abreviatura de GNU Image Manipulation Program, que acaba de completar dez anos de vida. Suas origens, naturalmente, estão no mundo Linux, mas desde 1997 a versão para Windows vem sendo desenvolvida em paralelo.

O GIMP, atualmente em sua edição 2.2, não é a coisa mais fácil do mundo de usar – principalmente por quem já está acostumado ao Photoshop ou equivalente. Também não é o programa de tratamento de imagens mais poderoso do mundo, mas é definitivamente o mais barato – totalmente gratuito – dos aplicativos de nível profissional. E foi por isso – e para comemorar seu aniversário – que o escolhemos para este tutorial básico de tratamento de imagens.

Instalação requer alguma atenção

A primeira complicação para quem vai instalar o Gimp é o fato de que sua distribuição oficial não vem compactada em um único arquivo de instalação: é preciso fazer o download de pelo menos dois pacotes, possivelmente uns quatro ou cinco. A página da última versão estável do GIMP para Windows traz os links principais: o ambiente de execução GTK+ 2, o GIMP propriamente dito e, caso necessário, os pacotes de ajuda e de animações. É só baixá-los e instalar um por um, sem inverter a ordem.



Terminada a instalação do GIMP, configuramos tudo com os valores padrão e executamos o programa para dar de cara com a segunda complicação, a estrutura de janelas. Diferente dos programas típicos do Windows, o GIMP abre cada uma de suas janelas e palhetas como um programa separado (Figura 1). Lembra um pouco os programas de Mac e, segundo os fãs de Linux, só não faz muito sentido no Windows.

Na Figura 2, assim como na 1, capturamos as telas do GIMP sobre uma área de trabalho cinza, para Fig. 02não confundir, mas na prática elas ficam flutuando sobre qualquer coisa que esteja aberta, fazendo uma bagunça tremenda. O pior mesmo é na hora de navegar entre os programas: o ALT+TAB salta de uma janela para outra do GIMP e, para restaurá-las, é preciso clicar em uma por uma na barra de tarefas!


Conhecendo a interface

Com o GIMP funcionando de modo relativamente amigável, tratemos de explorar alguns de seus recursos mais básicos. Não, não estamos falando dos pincéis e latinhas de tinta – esses qualquer criança consegue experimentar, mas não espere nenhuma obra de arte. Vamos começar por algumas dicas simples de tratamento de fotos digitais, e o primeiro passo é abrir uma – basta clicar em “Arquivo – Abrir”


A interface do GIMP é um pouco diferente da padrão do Windows – repare nos ícones das unidades de disco, por exemplo – e pode confundir um pouco, mas nada que chegue a assustar. Só lamentamos não poder arrastar imagens das janelas do Windows Explorer (onde é muito mais fácil selecioná-las) direto para o GIMP, como fazemos em outros programas gráficos, e não poder usar as mesmas teclas de atalho a que estamos acostumados no Photoshop.
Agora que a imagem está aberta, podemos identificar as três principais áreas de recursos do GIMP: a palheta de ferramentas, à esquerda, a de camadas e pincéis, à direita, e a barra de menu, no alto da janela da imagem. É claro que dá para arrastar as duas palhetas laterais para onde você quiser, mas esta é a disposição padrão. Aqui, a principal diferença em relação a um Photoshop da vida é a posição da barra de menu, na própria janela da imagem, e não no alto da tela.


Ajuste de níveis

Para começar a brincar, que tal ajustar a iluminação da nossa foto? Só esta ação, facílima de realizar, já costuma fazer milagres em imagens muito escuras ou sem contraste. Vamos clicar em “Ferramentas – Ferramentas de Cor – Níveis” para abrir a janela correspondente. Você tanto pode experimentar o modo automático, que pode funcionar muito bem ou muito mal, de acordo com as características da foto, quanto fazer os ajustes manualmente.

Se optar pelo caminho manual, o segredo é entender como funciona o gráfico dos tais níveis. Chamado de histograma e também exibido no display de algumas câmeras digitais depois da captura da foto, esse gráfico mostra a distribuição dos níveis de luz na foto. Se estiver muito concentrado de um lado, a foto provavelmente está mal exposta (existem exceções: as fotos de cenas naturalmente muito claras ou escuras).

A correção, se necessária, pode ser feita arrastando as setas que aparecem sob o gráfico de modo a deixar a área de maior concentração (as montanhas do gráfico) entre as duas setas das extremidades – foi o que fizemos no exemplo anterior, clareando bastante as áreas escuras da imagem original. Se o efeito for muito radical, tente deixá-las a meio caminho – é só experimentar e ver qual a melhor posição.

Um outro caminho é clicar em um dos dois conta-gotas desta janela e depois numa área da imagem que deveria ser totalmente preta (conta-gotas da esquerda) ou branca (direita), para que o programa reajuste toda a exposição a partir daí. Só tome cuidado porque esta ferramenta pode bagunçar totalmente o balanço de cores da imagem (o que não necessariamente é ruim – alguns efeitos podem ter sua utilidade).


Alterando o corte

Outro recurso muito simples, mas que é capaz de ressuscitar fotos dadas como perdidas, é o corte. Por melhor que seja o fotógrafo, dificilmente o enquadramento que sai da câmera é o melhor possível – aliás, hoje em dia se obtêm resultados muito melhores deixando alguma folga ao redor do assunto na hora de clicar e decidindo o enquadramento depois, no computador.
No exemplo da Figura 6, usamos a ferramenta de corte (a última da segunda linha da palheta da esquerda) para marcar um retângulo vertical na lateral da foto. É uma alteração radical: saímos de uma imagem horizontal para uma vertical, para destacar mais o lustre. Na janela que aparece depois que arrastamos o mouse, temos a opção de cortar direto ou de definir valores em pixels para altura, largura e posição do corte.

Repare que, neste caso, estávamos com a opção “redimensionar” selecionada, na parte de baixo da palheta da esquerda. Com isso, podemos alterar o tamanho final da área recortada, ajustando-a às dimensões especificadas na janela. O resultado é uma foto com exatos 1.200 x 1.600 pixels, a resolução típica de uma câmera de 2 megapixels, embora a foto original tivesse 5 MP.

A outra alternativa seria o modo “cortar”, em que a área selecionada não é reduzida nem ampliada. Se você pretende imprimir a foto, a melhor costuma ser a opção “redimensionar”, junto com a definição de dimensões compatíveis com o formato do papel que será usado. Como é possível alterar a unidade para milímetros para cortar a foto no tamanho exato, poderíamos digitar logo 10 x 15 cm, por exemplo.


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